O pirarucu é um dos gigantes de água doce, muito comum na região amazônica. Esta espécie ganhou notoriedade recentemente devido a pesca de um exemplar de tamanho recorde, então aproveitando esse fato, vamos falar mais sobre esse incrível peixe.
Prepare-se também para aprender uma receita espetacular de pirarucu de casaca, prato muito típico da região da bacia amazônica.
Boa leitura.
O que significa pirarucu?
Essa espécie de peixe amazônico é sem dúvida o maior a nadar em água doce. O pirarucu é um peixe de proporções monstruosas escamado, ou seja possui escamas e normalmente podem chegar a pesar mais de 200 quilos.
Um peixe deste tamanho com certeza é base da alimentação ribeirinha na região Amazônica, e ainda é transportado para outras regiões do país, visto que sua carne é muito macia e saborosa.
O seu nome vem da língua tupi, dos termos pira que quer dizer peixe e urucum que significa vermelho, da união dos termos surgiu pirarucu, pois na época da reprodução a espécie adquire um tom avermelhado nas escamas que chamava a atenção dos índios e consequentemente originou seu nome de batismo.
O pirarucu está por aqui bem antes do ser humano, estimam até que tenha convivido com os dinossauros, o que dá a ele a alcunha de gigante pré histórico.
E como mencionamos, antes mesmo da chegada dos portugueses os nativos brasileiros já conheciam o pirarucu e até consumiam.
Pirarucu, o rei do rio Amazonas
Os indígenas brasileiro não só nomearam o pirarucu, como possuíam lendas sobre ele, pois um peixe de proporções colossais, inspirava todo tipo de conto em volta de si.
A lenda mais comum compartilhada nas tribos é a de um índio chamado Pirarucu, que era um guerreiro extremamente vaidoso e intransigente, que praticava maldades inclusive com os colegas de tribo. Enfurecido com as atitudes do rapaz, o deus Tupã tentou castigá-lo com uma chuva torrencial a fim de fazê-lo se arrepender dos mal feitos.
Pirarucu por sua vez, ignorou e ainda zombava do deus do trovão, que dessa vez não aceitou a afronta e com a ajuda de outra entidade, mandou um raio que atingiu o jovem índio, que mesmo assim se recusava a se desculpar.
O encerramento da lenda é que o índio mesmo atingido pelo raio não morreu, apenas entrou no rio se transformando em um enorme peixe escuro de escamas vermelhas, o pirarucu, que reina até hoje nas águas amazônicas.
Toda essa história é importante pois resgata aspectos da cultura brasileira que são muito importantes para definir nossa identidade.
Na gastronomia não é diferente, por isso devemos valorizar os preparos desse peixe 100% brasileiro, com uma receita incrível de pirarucu de casaca tradicional.
Vamos ao preparo dessa maravilha?
Ingredientes
- Pirarucu seco 500 gramas
- Banana-da-terra 2 unidades
- Farinha do uarini 500 gramas
- Uva Passa 1 unidade
- Ameixa seca 100 gramas
- Ovo cozido 2 unidades
- Azeitona verde 100 gramas
- Tomate 2 unidades
- imentão Vermelho 1 unidade
- Cebola 1 unidade
- Alho 2 dentes
- Azeite a gosto
Como fazer pirarucu de casaca
- Coloque o pirarucu de molho em bastante água, de véspera.
- No dia seguinte lave e escalde brevemente.
- Asse na brasa (ou no forno, se preferir), deixe esfriar e abra em fatias finas.
- Faça a farofa com as ameixas, passas e farinha, usando um pouco de azeite na mistura. Não leve ao fogo.
- Refogue as verduras no azeite, começando pela cebola.
- Coloque em camadas num prato refratário: farofa, pirarucu, refogado e banana frita.
- Enfeite com ovos cozidos e azeitonas e leve ao forno brando para corar.
Este preparo tradicional do pirarucu se assemelha a bacalhoada portuguesa, porém com a vantagem de ser uma receita nossa, que carrega toda tradição nativa brasileira, com elementos de sabor inigualáveis.
E assim como o seu tamanho gigantesco, o pirarucu também é fonte de muitas receitas, separamos 4 para você se aventurar na cozinha:
O maior pirarucu do mundo
Recentemente correu pelos jornais a notícia da captura do maior pirarucu do mundo, e claro que não seria em outro lugar que não no Brasil.
O espécime de quase 3 metros e mais de 200 quilos foi capturado por ribeirinhos numa cidade próxima a capital amazonense, e aqui vai uma curiosidade sobre o pirarucu: o peixe precisa periodicamente subir a superfície para respirar, o que o deixa vulnerável para ser pego pelos pescadores.
Contudo, o gigante pré-histórico vinha correndo risco de extinção nos últimos anos, o que fez a sua pesca ser proibida, porém ocorreu na ilegalidade infelizmente.
Atualmente, tem sido empregada uma técnica de pesca de manejo, que tem contribuído para o aumento da população de pirarucu nos rios amazônicos, com períodos específicos para pesca-lo, respeitando o ciclo reprodutivo da espécie.
Essa é uma iniciativa criativa e sustentável, para garantir que o gigante do rio Amazonas esteja entre nós por muitos anos, e quem sabe não surja um exemplar ainda maior para quebrar este recorde atual.
A fauna dos rios amazônicos
O rio Amazonas é o maior do mundo em volume e um dos maiores em comprimento, então é até óbvio que esse seria o lar principal do pirarucu, mas uma casa aquática tão grande, também tem espaço para outros inquilinos tão fascinantes e saborosos quanto o gigante pré histórico.
A culinária amazonense é riquíssima, e muito baseada na pesca, principalmente pela abundância de espécies que a bacia amazônica fornece. Além desta receita de pirarucu que você viu acima, temos outros pratos com outros peixes da região que vão te encantar.
Venha conferir as 3 receitas especiais de peixes amazônicos que separamos para você.
Pacu à Portuguesa
Combinando um peixe nativo do Brasil, com um temperinho tradicional da terrinha, para ter esse preparo de pacu a portuguesa, saboroso e prático.
O truque para esse preparo é ser generoso nos temperos, pois isso vai incorporar no peixe realçando muito o sabor da carne, que fica com uma suculência e maciez invejáveis.
Tucunaré
Ainda nos gigantes amazônicos, o tucunaré é um belo exemplo de peixe nativo da região, que é muito saboroso e cabe em vários preparos.
Escolhemos essa opção simples de tucunaré recheado com legumes, para você preparar sem medo de errar, pois com certeza ficará uma delícia.
Experimente e nos conte o que achou.
Matrinxã
Por fim, temos a matrinxã, nesse preparo bem prático ao forno.
Nesta receita a marinada é importante, então prepare com antecedência, pois é ideal que o peixe fique marinando por pelo menos 24 horas na geladeira para absorver todo o sabor característico do preparo.
Depois é só colocar no forno por 1 horinha e todos podem saborear essa maravilha.
Aproveite as delícias amazônicas
Para quem está fora da região norte, talvez o contato com essas espécies de peixes não seja tão comum, mas hoje em dia está cada vez mais fácil de encontrar em grandes mercados.
A tecnologia de transporte avançou muito, e você consegue carne de pirarucu fresca e já limpa em qualquer lugar do país, então já não tem desculpas para não preparar a receita que ensinamos hoje.
Contudo, mais do que a espécie do peixe em si, a brasilidade está nos temperos e na forma cultural de consumir alimentos, e numa era onde a globalização está em alta, vale a pena de vez em quando voltar para as raízes e fazer esses pratos que datam dos tempos de antes da chegada de Cabral.
Prepare esta receita de pirarucu para ser o seu primeiro passo rumo à culinária amazônica.
Bom apetite.